O mercado viveu mais um dia de tensão, com a crise provocada pelos ataques a Israel. Diante disso, o real não ficou imune às pressões no cenário internacional e se desvalorizou ainda mais nesta terça-feira (16/4). Após ter alcançado o maior valor em mais de um ano na segunda (15), o câmbio do dólar comercial avançou ainda mais e encerrou o pregão em alta de 1,64%, atingindo R$ 5,27.
Já é a quarta alta consecutiva do dólar frente à moeda brasileira. A principal causa para este novo aumento é o cenário de incerteza em relação à política monetária dos Estados Unidos. Com o aumento das tensões no Oriente Médio, a perspectiva é que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, demore um pouco mais para diminuir os juros, o que faz com que muitos investidores optem por retirar dinheiro de países emergentes, como o Brasil, para economias mais fortes, como EUA e União Europeia.
“Já não se esperava uma redução (dos juros nos EUA) tão acentuada depois dos últimos índices de emprego e de renda. Então, isso também vai fazer com que o Fed segure mais a taxa de juros. Segurando mais a taxa de juros lá, isso vai fazer com que, no caso do Brasil, o real se deprecie, como está acontecendo hoje, e uma retirada de dólares para uma alocação, principalmente, em títulos norte-americanos”, avalia o economista e sócio da GWX Investimentos, Ciro de Avelar.
Mesmo assim, para o economista da APAS, Felipe Queiroz, os efeitos podem ser passageiros e de curto prazo. Segundo ele, esse movimento de desvalorização intensa do real nos últimos dois dias é resultado, principalmente, do capital especulativo. “Mas o Brasil está crescendo, então isso atrai, por outro lado, outro tipo de investimento não especulativo, mas de médio e longo prazo, que produz geração de emprego, e crescimento da economia, que é um crescimento endógeno”, avalia Queiroz.
No pregão desta terça-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa – B3) também foi impactado pela crise externa e fechou em queda de 0,75%, aos 124.388 pontos. Durante o dia, a bolsa atingiu o seu menor valor desde o início deste ano, chegando a operar pouco acima dos 123 mil pontos.
Entre as ações listadas na B3, as piores quedas ficaram por conta dos papeis da varejista Assaí (ASAI3), que recuaram 5,39%, e da empresa de calçados Alpargatas (ALPA3), que caíram 5,05%. As ações da Vale (VALE3) caíram 0,98%, enquanto as da Petrobras (PETR4) se valorizaram pelo segundo dia consecutivo, com alta de 0,46%.
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