Petrobras vai reformular processos de licitação de plataformas para facilitar financiamentos

A Petrobras está redesenhando o processo de licitações de plataformas de petróleo para ajudar os fornecedores a obterem crédito.

Em entrevista ao GLOBO, Carlos Travassos, diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da estatal, revelou que o primeiro passo dessa mudança na estratégia ocorreu com a concorrência aberta para a construção de plataformas para a bacia de Sergipe-Alagoas, cujas propostas devem ser entregues no início do segundo semestre.

A alteração central, de acordo com o diretor, envolve uma negociação com o BNDES para o uso de recursos via Fundo da Marinha Mercante (FMM). Semana passada, o banco informou que deve aprovar cerca de R$ 5 bilhões em infraestrutura e logística em 2024. A ideia, explica Travassos, é aumentar a participação da Petrobras no processo.

— Uma das dificuldades que estamos observando é a crédito sobretudo das afretadoras. E por isso, ao conversar com o mercado, passamos a buscar respostas e soluções como forma a reduzir a exposição de crédito nessas empresas. Na prática, estamos ajudando essas companhias a buscarem o caminho para o crédito — diz Travassos.

Redesenho de licitação

Em geral, as empresas que vão operar as unidades só começam a receber os recursos de forma diluída ao longo de 20 anos após o início da produção. Com as mudanças em curso pela estatal, uma possibilidade é que a Petrobras entre com parte dos recursos em um período inicial como forma de reduzir o risco e a exposição das companhais.

— E isso ajuda a obter crédito. Das 14 FPSOS que estamos prevendo para o período de 2024/2028, dez já foram contratadas e quatro estão em projeto de contratação. Um deles envolve o redesenho da licitação da unidade de Albacora. As equipes estão discutindo melhorias no projeto justamente por conta das dificuldades que observamos. Imagino que em dois meses as equipes entreguem o projeto final da licitação — antecipa o diretor.

Recentemente, a estatal esteve em meio a uma crise envolvendo o pagamento de dividendos extras. Os indicados da União alegaram que o nível de investimento poderia ser comprometido com a distribuição dos recursos, o que foi negado pela companhia.

US$ 22 bi em revitalização

Além da unidade do campo de Albacora, a estatal ainda vai receber em julho as propostas para a revitalização da plataforma para Barracuda-Caratinga.

Os projetos fazem parte do projeto de revitalização da Bacia de Campos, que vai receber investimentos de US$ 22 bilhões até 2028, de acordo com o plano de negócios da companhia, que recebe neste ano o prêmio de inovação da OTC por tecnologias desenvolvidas para a renovação da Bacia de Campos.

— Além do prêmio em si, a relevância é a revitalização dos campos que envolvem ainda a redução de emissões e maior complexidade, pois as plataformas estão maiores. Em 2000, por exemplo, havia 17 mil toneladas de equipamento no topside (parte superior) da plataforma. Hoje são 60 mil toneladas. O nosso objetivo é ter processos mais dinâmicos e trazer mais celeridade sempre dentro das regras de governança — diz ele, destacando que a companhia já trabalha no novo plano de negócios para os anos de 2025 a 2029.

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